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Conheça a administradora por trás das redes de lanchonetes Marvin e Marietta

Fernanda Costacurta fala sobre gestão, planejamento, políticas de RH e carreira

Por Leon Santos 

Sócia-proprietária das redes alimentícias ‘Marietta’ e ‘Marvin’ — ambas com sede em Brasília-DF —, a administradora Fernanda Costacurta é a entrevistada da edição 158 da RBA. Pós-graduada em marketing e em Liderança, Inovação e Gestão 4.0’, ela destaca alguns dos pontos que considera estratégicos para administradores e gestores terem êxito na atualidade. 

A seguir, Fernanda destaca a importância da gestão estratégica e operacional, bem como da gestão de pessoas focada no treinamento e nas necessidades dos colaboradores. Com mais de 20 anos de experiência no ramo do varejo de alimentos, ela atuou em diferentes frentes de negócio e conta como têm sido as transformações no ramo alimentício em tempos de inteligência artificial, delivery e marketing digital. 

À frente da diretoria administrativa, a administradora fala ainda sobre planejamento estratégico, carreira, qualidade, experiência e dinamismo de processos para atender clientelas cada vez mais exigentes. Nas linhas a seguir, ela conta as particularidades do mercado em que atua e sobre sua visão empresarial. 

 

RBA – Fernanda, conte-nos um pouco sobre sua trajetória pessoal e profissional que nos ajude a entender quem é Fernanda Costacurta. Conte-nos, ainda, quais valores você carrega e que inspira sua carreira e negócio. 

Minha formação e construção pessoal foram influenciadas principalmente pelo ambiente familiar. Cresci imersa na mentalidade empreendedora dos meus pais, especialmente do meu pai, cuja visão vanguardista e constante busca por inovação no mercado sempre foram inspiradoras. 

A atmosfera da nossa casa era sempre acolhedora e unida. Como descendentes de italianos, a cozinha era o centro de nossa convivência. 

A paixão pela natureza e aventuras ao ar livre foi incutida em mim desde a infância. Esses elementos, a conexão com a natureza e a ênfase na alimentação saudável e fresca tornaram-se pilares fundamentais na minha jornada pessoal e profissional. 

No âmbito educacional, busquei consolidar esses valores e experiências familiares por meio da minha formação acadêmica. Obtive meu bacharelado em administração no Uniceub-DF e, posteriormente, busquei pós-graduação em Gestão de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e em Liderança, Inovação e Gestão 4.0 pela PUC-RS. Atualmente, faço graduação em Psicologia. 

Minha incursão no mundo profissional começou cedo, aos 19 anos, quando assumi o cargo de gerente em uma das unidades da nossa empresa. Com o tempo, fui ascendendo, adquirindo experiência e desenvolvendo habilidades que me permitiram alcançar posições estratégicas na organização. 

Atualmente, faço parte da direção da empresa, onde aplico não apenas os conhecimentos adquiridos na academia, mas também os valores fundamentais de inovação, trabalho em equipe e liderança, que absorvi do ambiente familiar.

 

Quais habilidades, tanto hard skills (competências técnicas) quanto soft skills (competências comportamentais), você considera imprescindíveis possuir para que um administrador seja um profissional bem sucedido hoje em dia?

Após o impacto da pandemia, tornou-se ainda mais evidente a importância da gestão de pessoas para o sucesso das organizações. Durante esse período desafiador, lidamos com a redução das equipes devido ao fechamento de lojas em shopping centers e encerramento de algumas operações devido a dificuldades nas negociações de aluguel. 

Com a retomada econômica e a expansão para novas unidades, o principal desafio passou a ser a contratação e retenção de colaboradores qualificados, considerando as complexidades do cenário atual. 

Em contextos como esse, habilidades técnicas como a expertise em gestão estratégica e operacional são essenciais. As competências comportamentais tornam-se cruciais, especialmente no que diz respeito à gestão de pessoas. 

Como diretora, reconheço que minha conduta influencia diretamente a equipe. Portanto, é fundamental entender os desafios enfrentados pelos colaboradores em relação ao tempo de deslocamento, segurança no trajeto e acesso aos serviços de saúde. 

Promover um ambiente que valorize a saúde e o bem-estar dos colaboradores é prioritário, considerando que uma das maiores doenças na atualidade são as doenças psíquicas. Reconhecer e apoiar as necessidades individuais dos colaboradores em relação a esses aspectos contribui para a construção de um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. 

Além disso, a diversidade geracional é uma realidade no ambiente corporativo atual. Lidar com uma geração mais jovem de colaboradores que valoriza a experiência que a empresa oferece e busca constantemente oportunidades de aprendizado é um novo desafio. 

Neste sentido, a educação empresarial desempenha um papel fundamental, oferecendo possibilidades de crescimento e desenvolvimento contínuo, contribuindo significativamente para a retenção desses talentos. Portanto, além das habilidades técnicas, a capacidade de liderança, a compreensão dos desafios enfrentados pelos colaboradores em questões de locomoção, segurança e acesso a serviços de saúde, bem como a adaptação para lidar com diferentes gerações de colaboradores, são aspectos cruciais para o sucesso de um administrador nos dias atuais. A criação de uma cultura organizacional que promova o bem-estar e apoie as necessidades individuais dos funcionários — juntamente com oportunidades de aprendizado e crescimento contínuo — são fundamentais para enfrentar os desafios complexos do ambiente corporativo moderno.

 

Atualmente, como você enxerga o cenário de negócios no segmento alimentício, tendo em vista a grande velocidade nas mudanças econômicas, sociais e comportamentais do público em geral? 

O cenário atual no segmento alimentício está em constante evolução. Observamos uma dinâmica marcada por tendências e modismos, onde a inovação é uma necessidade constante para os empresários deste ramo. 

É importante ressaltar que ingressar no mercado alimentício exige mais do que apenas habilidades culinárias; requer um entendimento profundo do negócio e um compromisso inabalável com a qualidade, segurança alimentar e satisfação do cliente. 

No contexto da empresa Marietta, compreendemos que oferecer alimentos vai além de uma simples refeição; é proporcionar saúde e bem-estar para as pessoas. A ênfase na segurança alimentar, na qualidade dos ingredientes e na produção sob demanda são pilares essenciais para nós. 

Percebemos que a tendência do consumo de alimentos fora do lar está em ascensão, mas diferenciamos nossa proposta dos tradicionais fast foods, concentrando-nos em fornecer opções saudáveis e nutritivas aos clientes. Um aspecto que se destacou durante a pandemia foi a explosão do serviço de delivery; contudo, é vital estar atento aos desafios logísticos que esta modalidade traz consigo. 

Os altos custos das taxas cobradas pelos operadores logísticos e as exigências das plataformas de entrega podem impactar significativamente na lucratividade do negócio. E entrar em mecânicas de descontos e benefícios, sem um cuidadoso planejamento, pode comprometer a sustentabilidade financeira da empresa. Além disso, garantir a qualidade dos alimentos durante o transporte até a casa do cliente é fundamental para manter a excelência do serviço prestado. 

Diante deste cenário em constante mutação, a chave para o sucesso é a adaptação contínua e a capacidade de antecipar tendências e necessidades do mercado. Profissionais do ramo alimentício devem estar sempre atentos às mudanças comportamentais e às demandas do público, priorizando a inovação, a qualidade, a responsabilidade alimentar e a excelência no serviço oferecido para se manterem relevantes e competitivos nesse ambiente dinâmico e desafiador.

 

Tendo em vista as rápidas mudanças de cenários, muitas empresas fazem seus planejamentos de negócios com ciclos cada vez menores ou mais curtos. Como isso é feito nos grupos Marietta e Marvin? De quanto em quanto tempo vocês revisam o planejamento estratégico e o que vocês levam em consideração ao renová-lo?

O planejamento estratégico no grupo Marietta e Marvin é um processo dinâmico e adaptável, especialmente considerando o ambiente de constante mudança nos negócios. Estamos atualmente envolvidos em um programa de aceleração de negócios com a Fundação Dom Cabral, o que nos direciona a realizar um planejamento estratégico anual. No entanto, é importante ressaltar que o detalhamento dos planos de ação para alcançar as estratégias traçadas é revisado e estudado mensalmente, e a cada quatro meses dedicamos um esforço especial para atingir as metas estabelecidas. 

Atualmente, estamos concentrando nossos esforços em dois grandes focos: gestão de pessoas e capacitação de liderança. Reconhecemos que o capital humano é um dos principais pilares para o crescimento e a sustentabilidade dos negócios. Portanto, investir na capacitação e no desenvolvimento dos nossos colaboradores é fundamental para garantir o sucesso e a expansão dos nossos empreendimentos. 

No que diz respeito à expansão do negócio, estamos planejando a abertura de novas unidades e buscamos aumentar nossa atuação no ramo de eventos. Estamos atentos às demandas do mercado e focados em inovar nas entregas, mantendo sempre o foco no cliente e na qualidade dos serviços oferecidos. 

É crucial compreender que nosso planejamento estratégico é um organismo vivo. Estamos constantemente revisitando, ajustando e refinando nossas estratégias para nos adaptarmos às rápidas mudanças nos cenários econômicos, sociais e comportamentais. Estamos comprometidos em manter nossa visão alinhada com as necessidades e expectativas do mercado, sempre buscando aprimorar nossos processos e oferecer soluções cada vez mais eficazes e inovadoras para nossos clientes e parceiros.

Clique, aqui, e leia a segunda parte da entrevista.