O XVII Fórum Internacional de Administração (FIA) terminou na noite desta quarta-feira, 28. O encerramento foi conduzido pelo presidente do Conselho Federal de Administração (CFA), Adm. Mauro Kreuz. Coube a ele apresentar a palestra que foi tema do evento: “A Ciência da Administração sob a égide da Ética, Sustentabilidade e Governança”.
Após saudar o público, o administrador falou do desafio de ser o último a falar. Segundo ele, o FIA 2022 foi um evento marcante em todos os sentidos e “vai deixar exitosas recordações”. Ao adentrar no assunto sobre ética, Mauro destacou o desafio que é discorrer sobre o tema.
Ética
“Não tenho a pretensão de professar nenhuma verdade em si mesma. Apenas, unicamente, quero, de forma humilde, trazer algumas reflexões entre as tantas que vocês já tiveram”, afirmou o presidente.
Mauro enalteceu, mais uma vez, a importância da Ciência da Administração. Para ele, por ser uma ciência eclética, ela permite navegar de forma sistema e transversal em outros temas como ética, sustentabilidade e governança. Ao relembrar os desafios da pandemia, o administrador comentou da insatisfação em perceber que, ao invés do mundo melhorar, fez piorar.
Ao comentar sobre ética, Mauro comentou que não poderia dissociar a ética da moral e falou dos comportamentos éticos que permeiam a vida, seja na vida pessoal ou na profissional.
Sustentabilidade
Já quando tocou no tema sustentabilidade, o administrador ressaltou que ela tem uma característica polissêmica. Numa perspectiva econômica, ele afirmou que muitos gestores cometem deslizes éticos para manter a sustentabilidade.
“Para garantir a sobrevivência do presente, preciso, muitas vezes, comprometer o futuro. É preciso, contudo, achar um equilíbrio. Por isso, é possível afirmar que nada é 100% sustentável. De alguma forma, você compromete o meio ambiente”, disse.
Mauro fez referência a um documentário que revela a lógica perversa da sustentabilidade. Existem vários interesses estratégicos por trás do assunto, as famílias mais ricas do mundo são as que mais poluem e ainda não há unanimidade na ciência com relação à questão sustentável. “Estamos nessa lógica verde, não podemos fugir. Mas temos que compreender para diminuir o estoque da ignorância, é urgente fazer uma leitura dialética dessa realidade”, ressaltou.
Governança
Com relação a governança, Mauro falou que ela é de simples compreensão. Ela, à luz da ciência da Administração, deve ser usada para a gestão ética e sustentável. “Mas como governar com ética e sustentabilidade nas suas diferentes perspectivas, essa é a questão central”, afirmou.
A governança, segundo o palestrante, é usada para objetivos coletivos. Mas, para alcançá-la, ocorrem várias variáveis no processo decisório que nem sempre estão no controle do gestor. São várias variáveis que precisam ser consideradas pelo gestor.
“Portanto, quando falo de governança, linkando ela com a ética e a sustentabilidade, tendo que atingir objetivos coletivos que, muitas vezes, são diversos, eu estou, portanto, diante de um elevado grau de complexidade. Isso exige, portanto, preparo científico na administração”, defendeu Mauro.
Era tecnológica
Outro tópico abordado pelo presidente do CFA foi o da transformação tecnológica. Ele voltou a compartilhar com o público as reflexões feitas por Domenico di Masi que, certa vez, se perguntou sobre se a tecnologia iria caber no bolso das pessoas. “Uma pessoa que abre mão de tudo, mas não fica sem um smartphone, está mais que evidente que coube.”, alertou.
Contudo, uma vez que coube, trouxe paz ou atrito social? “Hoje a gente vive em tribos digitais e se a gente não se comporta adequadamente, é um problema.”, refletiu. Uma outra indagação é se a tecnologia vai trazer mais ou menos felicidade.
“A depressão é uma pandemia. Olha como nós, da Ciência da Administração, tem que fazer uma análise contextualizada de mundo e de sociedade. Se eu não fizer isso, como vou gerir pessoas, conexões humanas, etc? Ora, tenho que entender de tudo isso, pois isso está no âmago do construto social hoje”, declarou.
Além disso, Mauro lembrou dos grupos de profissionais do futuro: os criativos, que serão os mais demandados; os executivos, que vão competir com a inteligência artificial; e os nadas, que estarão fora do mercado de produção e consumo. “Deixo a grande questão para refletirmos. Queremos formar administradores para qual grupo? Se quisermos formar para o primeiro grupo, vamos ter que inovar abruptamente e disruptivamente, tal como é o atual mundo do trabalho”, pontuou.
Para concluir, Mauro falou da felicidade de discutir o assunto no FIA. “Finalmente o Fórum traz para discussão nacional e internacional a nossa Administração como uma ciência. Ela é eclética, ela é sistêmica e ela é transversal, porque ela perpassa tudo. Ela nunca é fechada em si mesma. Isso não é coisa para amador, é para profissionais preparados”, enalteceu o presidente do CFA.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA