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Calor intenso e temporais: o custo da falta de planejamento frente à crise climática

    Como a ausência de estratégias claras agrava os impactos ambientais e sociais em meio às mudanças climáticas

    Nos últimos dias, diversas regiões do Brasil enfrentaram uma onda de calor intenso, que elevou as temperaturas a níveis recordes para esta época do ano. Simultaneamente, há alertas de risco para fortes chuvas em várias áreas do país, gerando preocupação entre autoridades e moradores.

    A capital do Rio de Janeiro, por exemplo, entrou no nível de Calor 4, que indica o registro de calor muito alto, entre 40ºC e 44ºC. Esse ranking tem cinco níveis e foi criado pela prefeitura  para monitorar as altas temperaturas na cidade. Já em São Paulo, o alerta é para as chuvas: na última sexta-feira, 14/2, o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) emitiu um alerta que indica estado de atenção para fortes chuvas e alagamentos em toda a capital paulista.

    Embora não seja possível impedir esses eventos naturais, o planejamento adequado pode ajudar a minimizar os impactos e garantir a segurança. Para o diretor de Gestão Pública do Conselho Federal de Administração (CGP/CFA), Adm. Emerson Clayton Arantes, o gestor precisa entender os riscos específicos da sua região.

    “Ainda que não possamos evitar essas ocorrências climáticas intensas, a gente sabe quais épocas do ano elas costumam ser mais agressivas. No Brasil, o verão costuma ser a estação mais delicada. Ou seja, não é raro desastres naturais nessa época do ano.”, explica.

    Para se ter ideia, de acordo com um levantamento feito pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, entre 1993 e 2023, mais de 4 mil pessoas morreram e mais de 9 milhões ficaram desabrigadas no Brasil em decorrência de desastres naturais como seca, incêndios, alagamentos, ondas de calor e inundações. Apesar dos altos números, boa parte dos municípios brasileiros não tem orçamento para investir na prevenção de desastres naturais.

    Segundo Emerson, a falta de planejamento faz com que o governo tenha que gastar muito mais para remediar as tragédias causadas pelas mudanças climáticas. “Planejar não vai eliminar o problema, mas com certeza vai reduzir os danos e salvar vidas em desastres naturais. Ao adotar medidas preventivas e se preparar com antecedência, o gestor público ajuda a proteger a comunidade.”, destaca.

    O Governo Federal já tem dados sobre as áreas de risco. De acordo com levantamento feito em 2022, por meio da Casa Civil, o Brasil tem 1.942 cidades suscetíveis à ocorrência de deslizamentos, enxurradas e inundações. O município de Três Coroas, no Rio Grande do Sul, está nesse estudo. Em 2024, dois anos depois do estudo, 80% da população da cidade, que está localizada a 100km da capital Porto Alegre, sofreu com as enchentes.

    “Esse é, infelizmente, um exemplo de uma gestão má conduzida e falta de planejamento estratégico para a gestão pública. Ciente dos riscos, o gestor poderia ter elaborado um plano de emergência com rotas de fuga, contatos de emergência, pontos de atendimento a comunidade, entre outros. Poderia, ainda, ter promovido treinamentos e simulados de emergência, com a participação da sociedade”, sugere Emerson.

    Além dos dados do Governo Federal, o diretor do CFA também ressalta que ferramentas como o Índice CFA de Governança Municipal (IGM-CFA) oferecem subsídios para gestores elaborarem políticas municipais. “Ele analisa a situação administrativa de mais de 5 mil municípios brasileiros e serve como bússola para gestores mensurarem o desempenho das cidades em diferentes aspectos e entregar serviços com mais efetividade aos cidadãos.”, diz.

    Para saber mais sobre o IGM-CFA acesse: https://igm.cfa.org.br/.

    Ana Graciele Gonçalves

    Assessoria de Comunicação CFA