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Artigo: Fundraiser: uma nova oportunidade para os Administradores

Cláudio Roberto Gonçalves de Amorim | Administrador e Representante Institucional do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES)

As instituições de saúde e organizações sem fins lucrativos do setor enfrentam uma pressão crescente, nos últimos anos, para captar recursos. Governos, em todos os níveis, reduziram o apoio aos serviços sociais e isso fez crescer o número de organizações sem fins lucrativos, aumentando a concorrência.

A quantidade limitada de doação disponível, seja ela governamental ou não, tornou-se mais restritiva quanto ao uso do recurso. Há uma preferência acentuada pelos investimentos em projetos de longo prazo e menos oportunidades para cobrir os custos administrativos ou de capital. Buscar novas fontes de financiamento é imprescindível.

Essa concorrência, pelos poucos recursos dos reais destes doadores, aumentou o uso de sofisticadas técnicas de comunicação e marketing, bem como, de técnicas de captação de recursos por parte das instituições de saúde. Um novo tipo de doador, focado mais no retorno do investimento, está sendo cortejado. Surgiu uma nova filantropia dirigida por doadores individuais, que procuram se envolver com modos de doação mais transformadores e engajados com sua atividade empresarial.

Aqui podemos destacar à indústria farmacêutica produzindo álcool 70% e em gel para doações durante a pandemia do coronavírus. Desta forma, as instituições de saúde precisam ser inovadoras para atrair novos e manter os existentes doadores. Doadores espontâneos, de alto investimento, e governo nos mais diversos níveis da federação deste país. O público em geral também tem exigindo maior transparência e responsabilidade. Ao mesmo tempo em que algumas técnicas de captação de recursos foram objeto de avaliações críticas, principalmente negativas, quando a destinação não ficava evidente quanto ao uso destes.

Com esse cenário, surge uma nova atividade para o administrador no Brasil: o Fundraiser ou angariador de fundos. Para tal, além de boa visão de gestão, o administrador precisará ser vocacionado a buscar uma ampla rede de contatos dentro e fora da sua área de atuação.

Também é preciso ler muito acerca dos objetivos e fins da entidade que representará nesta captação, se atualizar constantemente sobre normas, procedimentos, decretos e leis vigentes. Além de ter uma visão de médio e longo prazo para antecipar pedidos e solicitações criando no mindset do doador o compromisso da doação.

Ainda é de competência desse profissional fazer uma ampla divulgação nas redes sociais dos recursos obtidos, com foco no público interno e externo, além é claro de reconhecer através de cartas nominais os doadores, dentre outros pontos. O objetivo final do Fundraiser é ajudar instituições de saúde e outras, a formular políticas de obtenção de recursos, assim como uma compreensão mais profunda dos métodos de captação destes recursos e sua aplicação efetiva em prol da sociedade.

 A atual pandemia e a consequente emergência na saúde, sociedade e economia criou uma onda de solidariedade no Brasil, que já resultou em mais de R$ 5,5 bilhões de doações. Uma grande parte é resultado de doação das grandes empresas. Pessoas físicas, mesmo com pequenas quantias, somaram esforços e colaboram para também mudar o cenário de filantropia no país. Até áreas que não tinham tradição de captar recursos, como a ciência, estão se beneficiando.

A expectativa que dessa tempestade possa surgir uma cultura maior de doações no Brasil, principalmente, para a saúde e o desenvolvimento da ciência. Com isso o administrador terá novos e grandes desafios quando a pandemia do coronavírus passar. Caberá a todos nós desbravar as fronteiras que este novo mundo e cenário nos ofertará.