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Cenário brasileiro é marcado pelo contraste entre fome e desperdício

O tradicional prato brasileiro composto por arroz, feijão, carne e uma “mistura”, como verduras ou saladas são chamadas em determinadas partes do país, já esteve na mesa de muitas pessoas. No entanto, segundo o presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB), Hugo Bethlem, essa é uma realidade incerta quando o assunto é alimentos. “Somos um país com mais de 52 milhões de brasileiros que vivem em situação de ‘insegurança alimentar’, ou seja, pessoas que não sabem se vão comer hoje e para isso dependem de ir à rua e batalhar por um dinheirinho para comer algo”, afirma. 

Bethlem explica que esse número é de antes da pandemia da Covid19, podendo chegar agora a 64 milhões. “Outros 10 milhões de brasileiros têm a certeza que vão passar fome hoje. Essa situação poderia ser minimizada se houvesse mais consciência por parte das empresas do varejo alimentar, do food service (lanchonetes, bares e restaurantes) e dos lares sobre não desperdiçar alimentos”, diz. Essas informações vão de encontro a outra da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. De acordo com a Embrapa, cada família brasileira desperdiça, em média, 128 kg de alimentos por ano. 

Além do desperdício no final da cadeia, o Brasil desperdiça atualmente mais de 40 mil toneladas de comida. Cada brasileiro que come, joga fora o equivalente a 58 pratos de comida por ano no lixo. Além do impacto social, há também o impacto ambiental com o chorume que polui o solo e lençóis freáticos e a emissão do gás metano na atmosfera.

A pesquisa “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020”, realizada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), mostrou que o brasileiro gera 1,52 milhão de toneladas de lixo por semana. Ao mencionar o consumo consciente na hora da compra e de fazer a economia circular, Bethlem diz acreditar que elevar a consciência dos cidadãos deveria ser a prioridade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). 

“Trabalhamos focados em entender que deveria existir o ODS ZERO, que seria ‘elevar a consciência das pessoas’. Tenho certeza que respeitando esse ODS conseguiremos compensar o tempo perdido e gerar ações para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas”, afirma. 

Formado em Administração e com especialização em gestão, ele acredita que cabe aos gestores públicos o investimento no destino correto do lixo coletado, criando centrais de reciclagem, de compostagem ou biodigestores para os destinos corretos de cada tipo de lixo. Paralelo a isso, há a necessidade de fazer uma campanha maciça de educação da população para mudar o mindset dos consumidores. “O investimento, que pode parecer caro, será muito barato quando comparado ao seu retorno para o meio ambiente”, explica. 

FONTE: Ana Graciele Gonçalves e Elisa Ventura | Assessoria de Comunicação CFA