Por meio dessa iniciativa, alunos podem colocar em prática todos os conceitos que aprenderam na faculdade
No curso de Administração, o alunos estudam teorias da administração, gestão de pessoas, logística, empreendedorismo, marketing, finanças, entre outros. Ao final, tem-se um profissional com múltiplas competências. A teoria está ok. Mas e a prática? Como viver, na pele, o dia a dia de um administrador? A resposta que você procura pode estar nas empresas juniores.
Segundo a administradora e especialista em Gestão de Pessoas, Marília Tavares, a empresa júnior é uma associação civil de fins não econômicos com objetivo educacional, formada por alunos e professores. “Os projetos e a atuação dos alunos são acompanhados por professores da instituição de ensino.”, diz a conselheira do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES).
A proposta de empresa júnior nasceu na França, em 1967, na Escola Superior de Ciências Econômicas e Comerciais, a partir da necessidade dos alunos em ir além da prática. No Brasil, a primeira empresa júnior surge em 1987, no curso de Administração da Fundação Getulio Vargas. Atualmente, de acordo com dados do Movimento Empresa Júnior (MEJ), o país tem mais de 900 empresas juniores, mais de 22 mil alunos empresários, com mais de 17 mil projetos e um faturamento que gira em torno de mais de R$ 23 milhões.
No curso de administração, a empresa júnior possibilita aos alunos a vivência prática da atuação do administrador no ambiente empresarial. O conselheiro do Conselho Regional de Administração do Ceará (CRA-CE), Vladimir Spinelli Chagas, sempre incentiva seus alunos a se inscreverem na “ADM Soluções”, empresa júnior da Universidade Estadual do Ceará (UECE). “O trabalho que lá eles desenvolvem, na forma de pesquisas, estudos, consultorias, soluções, etc. dá-lhes um respaldo prático difícil de alcançar mesmo em estágios de melhor nível. Na empresa júnior, o aluno tem contato direto com o mercado, com os processos de gestão, com as decisões. Enfim, uma vivência que lhes proporciona uma vantagem interessante após a conclusão do curso”, explica.
Contudo, o curso e a faculdade não são obrigados a oferecer uma empresa júnior aos alunos, mas Spinelli defende que é “altamente desejável”. ” Dificilmente um aluno de Administração irá encontrar melhores oportunidades de conhecimento prático daquilo que vê na sala de aula. Além do mais, aprendem com os erros e os acertos dos trabalhos que desenvolvem.”, diz o administrador, que é professor Adjunto na UECE, diretor do Centro de Estudos Sociais Aplicados da UECE e membro da Academia Cearense de Administração (ACAD).
Cases de sucesso
Na UECE, a ADM Soluções é a empresa júnior de consultoria que, desde 1992, tem ajudado a trazer soluções para negócios cearenses. O professor Spinelli explica que muitos nomes de profissionais de sucesso saíram de iniciativas como esta.
O portfólio da empresa é bem variado. A ADM Soluções tem clientes de vários portes que lhe dão como feedback um nível de satisfação de 83%. “Tenho a honra de ser tutor da ADM Soluções, que acompanho desde o seu nascimento e apoio sempre as equipes que ela forma. Estou, então, sempre ligado aos movimentos por eles empreendidos e me orgulho muito de ver os resultados que alcançam.”, elogia Spinelli.
No Espírito Santo tem outro exemplo: a EJCad. A empresa júnior da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) oferece consultoria em Administração para empresas de vários segmentos. Ela também nasceu em 1992 e foi a primeira no estado.
Por meio dela, os alunos buscam oferecer soluções excelentes e inovadoras para o mercado e a sociedade capixaba. A intenção é causar impacto para todos, tornando empresas e pessoas mais empreendedoras e com melhores resultados ao mesmo tempo em que forma profissionais e indivíduos mais capacitados e que possam gerar a mudança.
Quer fazer parte?
Para fazer parte de uma empresa júnior, o estudante de administração deve procurar a coordenação do curso para saber se o projeto existe na sua faculdade. Mas, é preciso muito mais do que vontade. Spinelli ressalta a importância de ficar atento ao período de inscrições e, acima de tudo, os alunos devem ter o necessário comprometimento para participar de uma atividade empreendedora sem remuneração. “O capital que formarão será o conhecimento adquirido na prática somado à teoria aplicada em sala de aula”, aconselha.
Marília também reforça a necessidade do comprometimento. Segundo ela, uma boa empresa júnior precisa ter “alunos engajados, professores dispostos a compartilhar conhecimentos e experiências. A instituição de ensino também precisa disponibilizar, além dos professores, uma estrutura física como computadores e acesso à internet”, finalizou a conselheira do CRA-ES.
Ana Graciele Gonçalves
Assessoria de Comunicação CFA