Com mudanças disruptivas que passam pela introdução de novas tecnologias, e o mercado pedindo novas Hard Skills, são nas Soft Skills que pode estar o segredo para o sucesso
Por Rodrigo Miranda
No atual cenário do mercado de trabalho, as empresas buscam cada vez mais profissionais que vão além das habilidades técnicas. É aí que surgem as competências interpessoais conhecidas como Soft Skills, essenciais para enfrentar os desafios do ambiente de trabalho contemporâneo.
Segundo o relatório mais recente do Fórum Econômico Mundial, algumas dessas habilidades se destacam como as mais valorizadas do momento, moldando o perfil do profissional do século XXI. São elas: o pensamento analítico, pensamento criativo, resiliência, flexibilidade e agilidade.
Para Américo Ramos, administrador e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), já desde há um bom tempo se percebeu que o que dá empregabilidade e sucesso profissional às pessoas não é a capacidade de executar bem tarefas especializadas ligadas à natureza do produto ou serviço. Essas habilidades podem ser transferíveis em diferentes indústrias, setores econômicos, com diferentes tecnologias e modelos de negócio, facilitando a empregabilidade e o sucesso profissional das pessoas que a dominam.
“O Fórum Econômico Mundial definiu a taxonomia (classificação) global de habilidades, integrando definições e categorizações de crescente relevância num mercado de trabalho em rápida mudança. Sua distinção é muito próxima do modelo CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes) de competência — que se refere tanto à habilidade ligada à realização de um trabalho em si quanto à posse de meios para realizá-lo”, diz Ramos.
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Soft Skills mais valorizadas do momento: – Pensamento Analítico: capacidade de interpretar informações de forma lógica e sistemática; identifica padrões e soluciona problemas de maneira eficaz. Profissionais com essa habilidade são essenciais para tomar decisões baseadas em dados e analisar questões complexas de forma crítica. – Pensamento Criativo: habilidade de gerar ideias originais e encontrar soluções inovadoras para problemas complexos. À medida que as empresas buscam se destacar em um mercado competitivo, profissionais criativos são valorizados por sua capacidade de pensar fora da caixa e impulsionar a inovação. – Resiliência: capacidade de lidar com adversidades, superar obstáculos e manter-se firme diante de situações desafiadoras. Profissionais resilientes são essenciais em um ambiente de trabalho dinâmico e sujeito a mudanças constantes. – Flexibilidade e Agilidade: capacidade de adaptação a diferentes situações e de responder rapidamente a mudanças. Com a rápida evolução da tecnologia e dos negócios, profissionais flexíveis e ágeis são essenciais para garantir a eficiência e a inovação nas organizações. |
Reciclagem profissional
Flávia Moraes, professora da graduação em administração e do MBA em ‘ESG e Gestão de Negócios’ do IBMEC, destaca que a educação é fundamental para esse cenário. Quem educa os novos profissionais nesses quesitos, e o trabalhador que escolher instituições que valorizam Soft Skills vão ser beneficiados.
“É a capacidade de pensar de forma criativa que vai fazer a diferença; bem como mostrar-se resiliente para superar dificuldades, ser ágil para lidar com as mudanças de cenário e flexível para se abrir para diversidade de culturas e de opinião. A verdade é que o mundo está mudando a uma velocidade cada vez mais rápida e quem sabe se adaptar mais facilmente e fazer ajustes diante das incertezas sai na frente”, diz Flávia.
E quem não tem essas habilidades pode se desenvolver no mercado de trabalho? Felizmente, as Soft Skills não são características inatas, mas sim competências que podem ser desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo, combinadas sempre com boas Hard Skills (habilidades técnicas).
“Os recrutadores ainda procuram Hard Skills, principalmente as de natureza tecnológica intensiva, ainda que acompanhadas cada vez mais das Soft Skills. As profissões mudam suas configurações, porém ainda possuem sua estrutura funcional: sejam aprendidas nas universidades, escolas técnicas ou desenvolvidas na experiência profissional”, afirma Américo Ramos.
Algumas dicas para trabalhar essas habilidades são aprender constantemente, praticar a resolução de problemas, cultivar resiliência e ser aberto à mudança. Flávia Moraes destaca que a chegada da Inteligência Artificial vai ser ainda mais determinante e, por isso, é fundamental se diferenciar.
“Serão nossas habilidades mais humanas que vão nos diferenciar. A escuta, o cuidado genuíno, a empatia, a força mental de nos superarmos e a capacidade de nos conectarmos a partir de um propósito e de valores comuns”, concluiu.
